Um
colega me enviou um e-mail essa semana, como diria Raulzito, meu amigo Pedro,
queixando-se da falta de reconhecimento de sua profissão de saúde, a qual só
era lembrada em momentos de lampejos e de crises, desta feita, referindo-se a
convocação feita pelo Ministério da Saúde durante o lamentável episódio de Santa
Maria.
Sensacionalismos
a parte, o fato é que todos os profissionais de saúde tem uma importância
fundamental, não apenas em uma situação como esta, mas para qualquer evento de
saúde, desde a atenção básica, até intervenções de tragédia como a que
assitimos nos últimos dias.
Porém,
uma pergunta deve ser feita: por que algumas profissões de saúde não tem o
reconhecimento devido? Qual a razão da diferença de status, remuneração e
mercado?
A
resposta pode ter uma origem social, afinal, a Medicina é uma profissão de
origem elitista, aristocrática, portanto, reprodutora de um status quo que
perdura, sobretudo na mentalidade tacanha de um subdesenvolvimento mental e
intelectual inerente aos estados mentais colonizados.
Afinal,
será que teríamos tantos alunos “vocacionados” a serem médicos e prestarem
vestibular para essa importantíssima profissão, se o seu piso salarial fosse o
mesmo que não é pago, apesar de tramitado no STF, para os professores?
Pensando
nisso, e na bancarrota que muitas profissões de saúde chegaram devido a
abertura desenfreada de faculdades, que a Medicina está se organizando. Seu
Conselho, munido das estatísticas demográficas e pensando óbvio no status e no
achatamento salarial que pode estar por vir, quer frear espólio mercantilista
da abertura novos cursos nos grandes centros urbanos, evitando assim, uma
superpopulação de “doutores” nas grandes cidades, muitos de procedência duvidosa.
Ora, mas na verdade, nosso país precisa sim de
“doutores”, porém é preciso que os profissionais de saúde ocupem as regiões longínquas
desse país, que desenvolvam os interiores dos Estados e que pensem em um plano
de carreira menos venal e mais interessante para o equilíbrio social.
Afinal,
o que assistimos, sobretudo em relação aos “doutores médicos” é um verdadeiro
leilão e a farra dos altos salários, sobretudo nos programas de PSF e NASF,
afinal, me parece que os recém-formados estão cada vez mais ávidos por
dinheiro, sobretudo quando precisam “tirar o investimento inicial” da formação
privada e ficam justificando através da falta de estrutura das pequenas cidades
do interior. Vejamos por exemplo a diferença de relação demográfica
médico/habitante se compararmos os Estados do Norte e Nordeste com as capitais
do Sudeste!
Além
do mais, observando as especializações buscadas na modernidade, observa-se que
faltarão pediatras e obstetras em detrimento à cirurgiões plásticos e
dermatologistas.
O
preço da modernidade, do hedonismo e lógico: do capital.
Uma pergunta: a quantas anda o PROVAB?
O BRASIL PRECISA DE MÉDICOS, RICOS É LÓGICO!
ResponderExcluirEsse foi o seu tema no texto muito bem escrito e que por uma coincidência enorme fez parte de um debate que participei,como ouvinte,no dia de hoje. Fortaleza precisa de médicos com urgência para assumir os postos de saúde,só que além da falta de condições de trabalho (alegada por eles), outros reclamaram do baixo salário de $ 7.800,00 que alguns se propõe a pagar,alguns disseram que até iriam,porém,pra trabalhar apenas 20h semanais. Outros questionaram o trabalho-salário dos Magistrados,disseram que muitos ganham $20 mil/mês e trabalham dois dias na semana e porque com eles,médicos,seria diferente? Iai,porque? Agora uma dúvida se torna rotineira em minha mente: O meu conselho profissional é fraco demais ao permitir essa debandada de faculdades ou o conselho da Medicina é exigente demais ao barrar algumas instituições? Não sei! O que eu sei,é que existe a lei da oferta e da procura,com essas "faculdades a rodo" que exitem por aí,jogando centenas de profissionais no mercado a cada 6 meses,fica impossível competir. E como diria Raulzito: Guto,aquele abraço!
É comum se ouvir por aí que ser professor é um dom, é uma missão, e de fato talvez até seja, entretanto, quando se trata de profissões como a que se discute no texto esse argumento é, quase sempre, deixado de lado. Por que, "seu doutor", não se deve ir trabalhar nos interiores apenas para honrar seu juramento? Por que, "seu doutor", não se deve ir aos interiores pensando, única e exclusivamente, no bem das pessoas que lá estão precisando do seu conhecimento? Os "doutores" também deveriam tomar como uma missão suas profissões e não apenas visarem o lucro como uma grande parte faz. Mesmo que seja real a falta de estrutura nos interiores, mesmo que seja real a falta de investimentos, mas o que não pode faltar é a vontade e a perseverança dos profissionais para que, mesmo com todas as dificuldades, o objetivo principal seja alcançado, a saúde de todos!
ResponderExcluirGrande tema, professor, e belo texto! Espero ter contribuído para o debate.
Hermano Ribeiro