Em nossa linguagem cotidiana utilizamos a expressão "miolo de pote" para as conversas informais e sem muito sentido de conteúdo, resolvemos subverter essa lógica através do "POTE DE MIOLO", um espaço para a livre expressão acadêmica onde as idéias são depositadas, replicadas e multiplicadas.
Sejam Bem vindos!
Prof. Alessandro Façanha
Não gosto de heróis, muito menos
de um povo que os necessita! Afinal, como propõe Bertold Brecht, a figura do
herói, sobretudo diante de civilizações subjugadas soa como mola propulsora da
acomodação! do deixa que ele faz, já que somos incapazes! Ou seja, a figura heroica
acomoda mentes e ações! Promulga uma sensação de que é possível aguardar para
depois nossas angústias e opressões na espera de alguém iluminado,
predestinado, ideológico e ator social que resolverá e fará de uma causa seu
ideal de vida! Ora, me atendo a esses predicativos e tomando como referência a
própria definição de herói:
HERÓI: é
uma figuraarquetípicaque
reúne em si os atributos necessários para superar de forma excepcional um
determinado problema de dimensãoépica
O que dizer então do Madiba?
Mandela fora sim um arquétipo de nossa contemporaneidade, uma homem cuja causa
se confundiu com sua vida para se transformar em sua história! Sim, um homem
que fez história! Talvez por si só já fossem características suficientes para
coroá-lo a postulante de alcunhado cargo, afinal, não somente por isso, mas por
trazer consigo a marca da indulgência da inobservância servil e por arrastar
assim milhares, milhões, de negros, pardos, amarelos e afins, em uma luta
contínua e (infelizmente) eterna pela liberdade, igualdade e autonomia, por se
tratar de uma unanimidade, e por trazer em si um simbolismo do perene é que
revejo meu conceito inicial.
Triste sim do povo que necessita
de heróis, porém mais triste ainda quando se fica órfão de um postulante a
herói desta estirpe, do porte de Madiba, com o enfoque rebelde de Nelson Rolihlahla Mandela, um homemmirando o horizonte de Galeano,que contrariando a lógica
foi e lá e fez, fez a revolução, fez a concepção, criou fertilidade em meio a aridez
da ignorância, da intolerância, da mesquinhez humana.
Madiba! És sim um
eterno ícone, um arquétipo heroico da contemporaneidade multirracial! O mundo
dos visionários perde um líder, uma anjo e um demônio que viveu em prol e em
favor da humanidade! Saudades eternas do líder e por que não, do herói...
Para saudar a nossa negritude, vai um clássico de Elza Soares, interpretada por Seu Jorge:
Para os que fazem a educação desse país, dia a dia na labuta de salas de aulas muitas das quais reféns do descaso e da falta absurda de prioridades gestoras, eis uma sátira em torno dessas questões:
Professor versus bala de borracha!
A que ponto as coisas chegaram, e pior, até aonde ainda podem ir?
Sim senhores, o novo resultado do PISA demonstra frações de evolução! O problema é que diante de nossa histórica fragilidade e por conta da educação neste país estar longe de ser uma prioridade, as evoluções homeopáticas não são sentidas, não fazem efeito e apenas deflagram o quanto ainda somos cordiais com todo este descaso. Afinal, nosso desenvolvimento urge por um processo que priorize os investimentos e a gestão na boa educação!
Uma melhora contagoteutesca não deve ser comemorada a não ser pelo fato de pelo menos não estar havendo retrocesso, porém, para que retrocesso maior do que comemorar evoluções milimétricas?
Para nós, professores, alunos e formadores de professores precisamos reagir a esse panorama, nos indignarmos com esses índices e cobrarmos ações mais eficazes!
Enquanto houver esse cenário iremos arrebanhados servir de espectadores no circo politiqueiro de um país que vislumbra pouco porque faz pouco e quer ser pouco cobrado!