Não gosto de heróis, muito menos de um povo que os necessita! Afinal, como propõe Bertold Brecht, a figura do herói, sobretudo diante de civilizações subjugadas soa como mola propulsora da acomodação! do deixa que ele faz, já que somos incapazes! Ou seja, a figura heroica acomoda mentes e ações! Promulga uma sensação de que é possível aguardar para depois nossas angústias e opressões na espera de alguém iluminado, predestinado, ideológico e ator social que resolverá e fará de uma causa seu ideal de vida! Ora, me atendo a esses predicativos e tomando como referência a própria definição de herói:
HERÓI: é
uma figura arquetípica que
reúne em si os atributos necessários para superar de forma excepcional um
determinado problema de dimensão épica
O que dizer então do Madiba?
Mandela fora sim um arquétipo de nossa contemporaneidade, uma homem cuja causa
se confundiu com sua vida para se transformar em sua história! Sim, um homem
que fez história! Talvez por si só já fossem características suficientes para
coroá-lo a postulante de alcunhado cargo, afinal, não somente por isso, mas por
trazer consigo a marca da indulgência da inobservância servil e por arrastar
assim milhares, milhões, de negros, pardos, amarelos e afins, em uma luta
contínua e (infelizmente) eterna pela liberdade, igualdade e autonomia, por se
tratar de uma unanimidade, e por trazer em si um simbolismo do perene é que
revejo meu conceito inicial.
Triste sim do povo que necessita
de heróis, porém mais triste ainda quando se fica órfão de um postulante a
herói desta estirpe, do porte de Madiba, com o enfoque rebelde de Nelson Rolihlahla Mandela, um homem mirando o horizonte de Galeano,que contrariando a lógica
foi e lá e fez, fez a revolução, fez a concepção, criou fertilidade em meio a aridez
da ignorância, da intolerância, da mesquinhez humana.
Madiba! És sim um
eterno ícone, um arquétipo heroico da contemporaneidade multirracial! O mundo
dos visionários perde um líder, uma anjo e um demônio que viveu em prol e em
favor da humanidade! Saudades eternas do líder e por que não, do herói...
Para saudar a nossa negritude, vai um clássico de Elza Soares, interpretada por Seu Jorge:
Perdemos uma grande figura, porém seus ensinamentos ficarão para a eternidade.
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